No relógio marcava 15:00 hs de um sábado, ao lado de amigos trabalhadores da ultima hora, subíamos o morro em direção a residência de um jovem, já ouvíramos falar da situação vivenciada pelo irmão, mas não imaginávamos que a ocorrência era de tamanha gravidade.
A psicósfera do bairro era sombria, as vibrações percebidas pesavam como tijolos amontoados sob os ombros, descia ladeiras, subia-se a outras, adentando-se a ruas e vielas, enfim, chegamos ao local onde se encontrava, era um antigo prostíbulo onde jovens vitimas da marginalidade outrora se prostituíam e o dinheiro era revertido na compra de drogas das mais diversas. Eram dois cômodos pequenos e em um deles estirado na cama estava ''Erre'', vinte e dois anos de idade, solitário, doente na alma, triste com o abandono familiar e tetraplégico...
Dependia do irmão para fazer os curativos da ferida que abrira-se nas costas devido a posição continua que permanecia, dependia dele para que também levasse alimento e desse o auxilio necessário na hora do banho , na troca das fraldas etc.
Erre chegava do trabalhoquando atacado por inimigos que o roubaram, dispararam doze tiros sob seu corpo, puseram a arma em sua cabeça e em sua boca, mas os tiros falharam, atiraram em sua coluna e em seguida perdera todos os movimentos da cintura para baixo. Meses se passaram, alguns movimentos se recuperaram, todavia, recebeu alta de Hospital Publico onde fora tratado como indigente, levado a sua casa, só conseguira deitar-se em uma única posição, seus joelhos atrofiaram, houve perda de peso da massa corporea e lá estava Erre, dependendo do irmão que não mais comparecera devido a desavenças familiares, a mãe já falecida vitima de cirrose, seu pai vitima das drogas e do tráfico, sua namorada, mãe de seu filho o traira, desequilibrios emocionais, materiais, espirituais dos mais diversos.
Perguntaram a Erre se ele rezava quando alí em meio a solidão sentia tristeza e ele disse que nunca o ensinaram, Erre ´precisava ser apresentado a Jesus com sua essência consoladora, uma prece ministrada por um iluminado confrade tocou-nos a alma, era o evangelho de Jesus em sua total plenitude.
Paramos alguns instantes, olhamos para os quatro lados, um jovem com uma segunda oportunidade, melhorar-se como espírito no caminho da dor, aqui estamos nós, com a possibilidade de crescer, evoluir, com dores é bem verdade, mas alguns irmãos com dores dilacerantes no corpo e na alma, muitos com a oportunidade do trabalho, do conhecimento tão próximo, outros tão distantes dessa luz que ilumina os corações, e ainda reclamamos da vida e das minimas adversidades que cursam nosso caminho,
Façamos a nossa prece, lembrando dos aflitos e agradeçamos a Deus que muitas vezes não temos os sapatos, mas temos os pés, não temos o anel, mas temos as mãos, e temos principalmente a oportunidade da vida,
Viver é preciso e não reclamar é necessário!
Muita paz
Nenhum comentário:
Postar um comentário