domingo, 9 de setembro de 2012

Não Reclame!

No relógio marcava  15:00 hs de um sábado, ao lado de amigos trabalhadores da ultima hora, subíamos o morro em direção a residência de um jovem, já ouvíramos  falar da situação vivenciada  pelo irmão, mas não imaginávamos que a ocorrência era de tamanha gravidade.

A psicósfera  do bairro era sombria, as vibrações percebidas pesavam como tijolos amontoados sob os ombros, descia ladeiras, subia-se a outras, adentando-se a ruas e vielas, enfim, chegamos ao local  onde se encontrava, era um antigo prostíbulo onde jovens vitimas da marginalidade outrora se prostituíam e o dinheiro era revertido na compra de drogas das mais diversas. Eram dois cômodos pequenos e em um deles estirado na cama estava ''Erre'', vinte e dois anos de idade, solitário, doente na alma, triste com o abandono familiar e tetraplégico...

Dependia do irmão para fazer os curativos da ferida que abrira-se nas costas devido a posição continua que permanecia, dependia dele para que também levasse alimento e desse o auxilio necessário na hora do banho , na troca das fraldas etc.

Erre chegava do trabalhoquando atacado por inimigos que o roubaram, dispararam doze tiros sob seu corpo, puseram a arma em sua cabeça e em sua boca, mas os tiros falharam, atiraram em sua coluna e em seguida perdera todos os movimentos da cintura para baixo. Meses se passaram, alguns movimentos se recuperaram, todavia, recebeu alta de Hospital Publico onde fora tratado como indigente, levado a sua casa,  só conseguira deitar-se em uma única posição, seus joelhos atrofiaram, houve perda de peso da massa corporea e lá estava Erre, dependendo do irmão que não mais comparecera  devido a desavenças familiares, a mãe já  falecida vitima de cirrose, seu pai vitima das drogas e do tráfico, sua namorada, mãe de seu filho o traira, desequilibrios emocionais, materiais, espirituais dos mais diversos.

Perguntaram a Erre se ele rezava quando alí em meio a solidão sentia tristeza e ele disse que nunca o ensinaram, Erre ´precisava ser apresentado a Jesus com sua essência consoladora, uma prece ministrada por um iluminado confrade tocou-nos a alma, era o evangelho de Jesus em sua total plenitude.

Paramos alguns instantes, olhamos para os quatro lados, um jovem com uma segunda oportunidade, melhorar-se como espírito no caminho da dor, aqui estamos nós, com a possibilidade de  crescer, evoluir, com dores é bem verdade, mas alguns irmãos com dores dilacerantes no corpo e na alma, muitos com a oportunidade do trabalho, do conhecimento tão próximo, outros tão distantes dessa luz que ilumina os corações, e ainda reclamamos da vida e das minimas adversidades que cursam nosso caminho, 

Façamos a nossa prece, lembrando dos aflitos e agradeçamos a Deus que muitas vezes não temos os sapatos, mas temos os pés, não temos o anel, mas temos as mãos, e temos principalmente  a oportunidade da vida, 

Viver é preciso e não reclamar é necessário!

Muita paz

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